segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Teatrinho sobre o "Respeito aos Pais'

Esta pecinha foi apresentada em uma instituição de crianças carentes, em Valparaíso de Goiás, que têm pais dependentes químicos e/ou desempregados. Foi uma grande alegria! Quando eu cheguei com os bonecos os olhinhos delas brilharam...

“Pai merece respeito...sempre!”

Personagens: narrador, Eduardo, vovó, Felipe, Zeca, ladrão, pai de Felipe( só a voz).


Narrador: na história de hoje vamos conhecer Eduardo , filho de Zeca. Eduardo é um garoto de 11 nos que não consegue aceitar o pai que tem, desempregado e fraco.
Eduardo: vovó, o meu pai já chegou?
Vó: chegou de onde, se ele nem saiu?
Eduardo: ou vó, o meu pai não vai trabalhar mais não? Eu vejo ele em casa o tempo todo,, deitado lá no sofá, roncando...
Vó: Eduardo, meu netinho, o seu pai esta desempregado, mas quando ele arrumar emprego tudo vai melhorar aqui em casa, a sua mãe não vai mais precisar trabalhar tanto, de domingo a domingo...
Eduardo: é mesmo...vó, a senhora sabia que o pai do Felipe trabalha todo dia?
Vó: eu sei sim, Edu, e o que tem isso?
Eduardo: é que eu queria que o meu pai fosse igual o pai dele...ele trabalha, deu um robô super maneiro pro Felipe no dia das crianças e ainda por cima tem aquele carrão muito doido.
Vó: Edu, o pai do Felipe é o pai do Felipe, não é o seu...você tem que parar de ficar o tempo todo falando dele e pensar mais no seu pai, certo?
Eduardo: certo...mas o pai do Felipe...
Vó: Edu, chega, vamos fazer o seguinte, convida o seu pai pra ir com você lá no mercado comprar as coisas que a sua mãe mandou...o dinheiro está aqui.
Edu: tá bom, eu vou chamar ele então.Pai? Paiê?
Zeca: o que foi Edu, me deixa descansar menino.
Edu: descansar do que, o senhor não faz nada.
Zeca: mas o que é isso, tá me desrespeitando agora?
Edu: é que a vó mancou chamar o senhor pra ir comigo lá no mercado comprar as coisas desta lista aqui. A mãe deixou até o dinheiro.
Zeca: ou filho, vamos comigo, aí a gente conversa um pouco, você me fala da sua escola, e ai, cheio de namoradas?
Edu: pai, eu só tenho 12 anos...tá doido? O senhor pode ir indo na frente que depois eu te acompanho, eu vou no banheiro, me deu dor de barriga de repente.
Zeca: não te problema, eu te espero. É bom que a gente vai conversando.
Edu: conversar o que? Vai falar do que? Da soneca que o senhor tirou depois do almoço? Da manhã que o senhor não fez nada? Não precisa pai, vai que eu demoro, e a vó precisa das coisas pra fazer a janta...
Zeca: não fiz nada? Que conversa é esse, fique sabendo que eu...que eu...fui atrás de emprego hoje...procurar emprego cansa, sabia?
Edu: mas o senhor foi procurar emprego hoje? Eu nem vi...
Zeca: não viu porque estava na escola, eu fui cedinho lá na agencia de emprego, mas não tinha nada pra mim..deixei o nome lá, qualquer coisa....mas já que você não quer ir comigo...me dá o dinheiro ai, anda logo.
Narrador: Edu deu o dinheiro pro pai e ficou pensando será que o pai finalmente tinha resolvido mudar de vida, mas quando a vó descobriu que ele tinha ido sozinha ficou preocupada, com medo de ele não fazer as compras e acabar gastando o dinheiro com outras coisas...
Vó: Edu, eu não falei pra você ir com o seu pai...quem mandou dar o dinheiro pra ele? Agora ele vai..
Edu: vai o que vó? Beber?
Vó: não é isso que eu ia dizer não, eu ia falar que ele vai perder o dinheiro, seu pai é muito distraído...
Edu: eu sei...distraído...tá bom vó, eu vou atrás dele então, tchau.
Narrador: Edu foi atrás do pai e encontrou ele na venda do seu Joaquim com um copo na mão. Ficou tão desapontado que deu meia volta e foi pra casa, arrasado. No caminho viu o pai do Felipe chegando do serviço dirigindo o seu carrão e o Felipe ali na porta esperando por ele. O pai do Felipe passou tão depressa que nem observou o filho. Por que será?, pensou Edu...deve ser pressa ou cansaço...porque ele sim tem motivos pra ficar cansado..pensou Edu.
Edu: vó, o pai ta´lá na venda, com um copo na mão.
Vó: ai meu Deus do céu, e agora, e o dinheiro das compras? A sua mãe vai brigar comigo porque eu deixei isso acontecer. Acoitada trabalha tanto e nem tem tempo de ir ao mercado.
Edu: ainda bem que ele foi procurar emprego, né vó?
Vó:procurar emprego? Seu pai?Quando?
Edu: hoje...ele não foi lá na agencia de emprego...ele falou que...
Vó: ah tá, ele falou é, eu tinha esquecido...
Edu: pior do que ele mentir pra mim vó é a senhora mentir também. Quer saber, eu vou lá na rua chamar o Felipe pra brincar comigo. Tchau.
Vó: vai meu neto, pode ir, que eu vou ficar aqui preparando a janta, pra quando a sua mãe chegar.
Edu: pra que? Se ela nunca janta com a gente mesmo, só chega tardão em casa...eu já vou, tchau.
Narrador: Edu foi até a casa de Felipe chamar o colega pra brincar. Chegando lá viu o pai dele deitado no sofá assistindo tevê, e a mulher na cozinha preparando a comida.
Edu: Felipe? O Felipe?
Felipe: o que foi Edu? Quer brincar?
Edu: quero, vamos lá à banca comprar uma pipa nova?Minha vó me deu um real.
Felipe: um real? Só dá pra pipa, e a linha?
Edu: a linha eu já tenho, é aquela mesmo...
Felipe: aquela sua linha tá toda emendada, não presta mais.
Edu: presta, vamos lá, quando o meu pai arrumar emprego ele falou que vai me dar uma linha nova, e uma pipa grande, um piaozão, do fluminense.
Felipe: do flu? Vai avoar...não presta pra nada.
Edu: ah é, e por acaso o flamengo é grande coisa, é?
Felipe: é claro que é...
Uma vez Flamengo
Sempre Flamengo
Flamengo sempre eu hei de ser
É o meu maior prazer
Vê-lo brilhar
Seja na terra
Seja no mar
Vencer, vencer, vencer
Uma vez Flamengo
Flamengo até morrer
Edu:
sou tricolor de coração.
Sou do clube tantas vezes campeão.
Fascina pela sua disciplina,
O fluminense me domina.
Eu tenho amor ao tricolor!
Pai do Felipe (em off): vamos parar com essa gritaria aí, Felipe, tá me atrapalhando a ver televisão.
Felipe: foi mal, pai...eu já vou sair. Vou lá na banca com o Edu, comprar pipa.
Pai do Felipe(em off): pra que? Você não saber empinar pipa...só pra ficar vendo os outros brincarem...
Felipe: vamos logo Edu...
Edu: vamos...seu pai tá nervoso?
Felipe: não, ele é assim mesmo...
Narrador: Edu foi com Felipe mas no caminho ficou pensando no pai do Felipe...ele parecia ser tão legal e de repente...dever estar cansado, de tanto trabalhar...Felipe e Edu chegaram a banca e enquanto estavam lá apareceu um ladrão.
Ladrão: todo mundo quieto, se mexer leva chumbo. Passa o dinheiro, celular, carteira, figurinha da copa, e também me dá duas pipas com linha...pipa do vasco, viu...coloca tudo no saco, mas cuidado pra não rasgar a pipa, é presente...
Narrador: o ladrão mal conseguia sair pela porta com o saco tão cheio...quando ia saindo correndo o saco prendeu e ele acabou caindo na calçada. Neste momento vinha Zeca, o pai de Eduardo.
Zeca: ei moço, cuidado aí, pode acabar se machucando.
Ladrão: cuidado o senhor comigo, que eu sou um ladrão.
Zeca: ladrão? Ai meu Deus, e agora?
Ladrão: agora entra aí e se junta com os outros que eu acabei de roubar...por falar nisso, vou aproveitar que o senhor chegou e me passa o dinherio,  acarteira, o celular, o cordão de ouro, o relógio...
Zeca: vixe, seu ladrão, o senhor errou de vítima, eu ando tão duro que se o senhor olhar a minha carteira vai ficar com dó e botar dez reais nela,.
Ladrão: eu lá faço caridade, o meu negócio é roubar...não é possível que o senhor não tenha nada, nem celular...celular até criança de 3 anos já tem...
Zeca: é que eu já passei dos 3 anos...alem do mais eu vendi o celular...ninguém Le ligava mesmo...
Ladrão: então entre aí e se junte com estes abestados que eu roubei agora mesmo...bando de otário.
Narrador: enquanto o ladrão tentava roubar alguma coisa de Zeca, além do tempo dele, Felipe aproveitou e ligou escondido pro seu pai.
Felipe: alô, pai? Pai, eu tou aqui na banca e tou sendo roubado.
Pai de Felipe: então chame a policia.
Felipe: pai, o senhor não pode fazer nada não. O ladrão roubou o meu boné, o meu tênis, e o meu dinheiro do lanche da semana toda.
Pai de Felipe: quem mandou sair com dinheiro? Agora fique quieto e espere que logo tudo se resolve, eu vou lá na delegacia chamar o delegado.
Felipe: pode deixar, que eu não tenho como sair mesmo...
Ladrão: que negocio é esse aí, eu trago um amigo pra fazer companhia a vocês e você falando no celular? Com quem era?
Felipe: é ninguém não, foi engano?
Ladrão: engano?o meu engano foi não ter te revistado direito. Vem pra cá que eu vou te mostrar oqu eu faço com x9. Ande, venha.
Narrador: Edu neste momento ficou muito preocupado com Felipe, e muito mais preocupado ainda quando viu que o amigo de quem o ladrão falava era justamente o seu pai, um fraco que não podia ajudar ninguém, pelo menos era o que ele pensava...enquanto o ladrão levava Felipe Zeca conseguiu desamarrar o filho e os outros que estavam presos no banheiro. Edu pulou a janela e foi chamar ajuda, mas a sua fuga fez mais barulho do que devia.
Ladrão: o que está acontecendo? Outro celular?
Zeca: não senhor, deve ser a televisão ligada.
Ladrão: televisão? Onde, que eu não vi nada.
Zeca: o que? Você não viu a teve de led 3d bem ali, olhe lá pra tu ver.
Narrador: quando o ladrão se aproximou Zeca criou coragem e deu um golpe certeiro nele, depois levou ele pra pra fora, amarrou e entregou pra polícia. Todos foram salvos, graças a coragem de Zeca e de Edu. Felipe ficou muito decepcionado com o seu pai que em um momento de perigo não teve coragem de fazer nada. Depois que tudo estava resolvido ele apareceu, mas aí já não precisava mais. Por outro lado Edu ficou orgulhoso de seu pai.
Edu: pai, me desculpe ficar falando as coisas que eu disse pro senhor hoje, e ontem, e antes de ontem ...
Zeca: meu filho, me desculpe você, por não ser o pai perfeito que você queria...você pensa que eu não sei que você acha o pai do Felipe muito melhor do que eu...e deve ser mesmo, ele trabalha, tem carro, dinheiro...
Edu: é, mas na hora que precisou nada disso importou, quem ajudou foi o senhor, com coragem e esperteza. Me desculpe pai, posso te dar aquele abraço que o senhor pediu antes e eu não quis dar?
Zeca: é claro que pode filho, eu sempre vou estar aqui.
Edu: então vamos pra casa, pai, que hoje o senhor já foi herói demais por um dia.
Narrador: ambos foram para casa felizes. Edu, por passar a enxergar no pai qualidades que antes ele não percebia, e Zeca, sentindo-se tão amado pelo filho que está cheio de vontade de realmente procurar emprego e mudar de vida, pra deixar o filho cada vez mais orgulhoso do pai que tem.

Fim



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