sábado, 18 de fevereiro de 2012

O pecado paralisa!

O pecado paralisa!

7º domingo do tempo comum
data: 19 de fevereiro de 2012


Personagens: Chiquinho, Juquinha, mãe, pai.

Chiquinho: a partir de hoje eu não sou mais seu amigo. Nunca mais fale comigo.
Juquinha: mas foi sem querer, por favor, me desculpa...eu não sabia...
Chiquinho: você nunca sabe de nada. Toda vez é assim. Teve aquela vez que você quebrou o meu carrinho novinho, de controle remoto, que o meu pai tinha me dado de aniversário.
Juquinha: foi sem querer...como é que eu ia saber que ele tava debaixo do boné, em cima do sofá, com duas almofadas por cima...
Chiquinho: não importa, mas hoje não tem conversa, você não podia ter feito isso...chutou a minha bola de futebol pra casa da dona doida, você sabe que quando alguém chuta uma bola lá ela não devolve nunca mais...
Juquinha: dizem que no quintal da casa dela tem um poço sem fundo cheinho de bolas de futebol, de voley, de ping pong, de plástico, da barbie...
Chiquinho: se você sabia disso, não podia ter chutado...
Juquinha: o que eu sei é que se você não me perdoa, é porque não é meu amigo, e agora sou eu que não quero mais papo com você...tchau!
Juquinha sai.
Chiquinho: pode ir, eu não tou nem aí, quer saber? Eu vou brincar com o Lipe de play station...
Entra o pai do Juquinha.
Pai: Juquinha, meu filho, vem aqui, eu preciso que você vá á venda do baiano comprar  uma coisa pra mim.
Juquinha: eu não posso pai.
Pai: o quê? Você ta dizendo que não vai? Vai me desobedecer senhor Juca Amaral de Siqueira.
Juquinha: nem adianta falar o meu nome todo pai, porque eu não vou porque eu não posso. A minha perna não anda mais.
Pai: como assim?
Juquinha: eu não sei pai, mas eu estou todo duro, não consigo sair do lugar. Só mexo os olhinhos e a boca.
Pai: mas como isso aconteceu? É porque você fica muito tempo sentado, jogando, sem fazer exercício nenhum. Anda logo, levanta e vamos lá comigo.
Juquinha: eu não consigo pai.
Pai: então eu vou te carregar para o hospital. Vou só esperar a sua mãe chegar.
Os dois saem. O pai e a mãe entram em cena.
Mãe: Nestor, eu não agüento mais, nós já fomos no pediatra, no ortopedista, no cardiologista, é tanto ista e ainda não descobrimos nada...eu não agüento ver o meu filho assim, paralisado...
Pai: alguma coisa aconteceu. Ele caiu?
Mãe: não.
Pai: ele comeu alguma coisa estragada?
Mãe: não.
Pai: alguma coisa aconteceu...desde quando ele está assim?
Mãe: desde o dia em que ele brigou com o amigo dele, o Chiquinho.
Pai: será que o Chiquinho deu uma surra nele que o deixou assim? Porque se for...
Mãe: não, a briga deles não foi de mão, foi só de boca.
Pai: e porque eles brigaram?
Mãe: o Juquinha chutou a bola dele para a casa daquela vizinha da esquina, ela não devolveu a bola, o Chiquinho ficou com raiva, o nosso filho pediu desculpas e ele não desculpou, o Juquinha ficou com raiva por que o amigo não o desculpou...Desde este dia ele ficou triste, triste, só sentado, calado, até não conseguir mais andar...
Pai: então já sei, o Juquinha precisa perdoar o amigo que não quis desculpá-lo, só assim ele vai melhorar...
Mãe: eu vou chamar o Chiquinho aqui em casa e você traga o Juquinha pra sala. Vamos deixar eles conversarem...
Entram Juquinha e Chiquinho.
Mãe: Chiquinho, eu te chamei aqui porque você é o melhor amigo do Juquinha, e não é certo vocês ficarem brigados. Um precisa perdoar o outro. A falta de perdão é um pecado que impede as pessoas de serem felizes.
Juquinha: Chiquinho,me desculpa por ter chutado a sua bola pra longe?
Chiquinho: é claro, eu nem me lembrava mais disso...e você me desculpe por não ter aceito suas desculpas aquele dia?
Juquinha: é claro que sim. E você me desculpa por eu ter ficado com muita raiva de você?
Chiquinho: tá perdoado. E agora, vamos brincar?
Juquinha: vamos...
Os dois saem. A mãe entra com o pai.
Mãe: uai, cadê o Juquinha?
Pai: saiu correndo com o Chiquinho. Foram brincar.
Mãe: mas ele não estava paralisado?
Pai: estava, mas você se esqueceu que o amor  cura? E o perdão liberta?
Mãe: é verdade, só quem ama perdoa. Eu quero aproveitar este clima de amor e te convidar pra me ajudar a lavar a louça. Vamos?
Pai: vamos, né. Eu sei que se eu for não vai ter perdão, você vai passar o dia todo reclamando que eu não ajudo...
Mãe: então vamos? Tchau crianças...

Fim






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